segunda-feira, 27 de julho de 2015

O MUNDO E A TECNOLOGIA

O mundo avança nas suas conquistas científicas e o progresso atinge os mais afastados recantos da humanidade. Tudo isto foi obra do espírito humano, do seu engenho, da sua capacidade criativa. Cada conquista, cada descoberta mais motiva e incentiva o homem no afã de avançar mais ainda pelo desconhecido. E o homem se acreditou com prerrogativas de um deus. E num desafio de suprema ousadia quis competir com a própria divindade.

Cada dia uma conquista, cada dia um avanço tecnológico. Cada dia uma nova e mirabolante descoberta. Tudo isto o deslumbra e enlouquece. À proporção que vai dominando o universo inteiro, conhecendo os seus mistérios e segredos, vai perdendo o controle do seu mundo interior, das suas emoções, da sua sensibilidade. Nada existe na terra ou dentro do mar, no mais alto dos céus ou no mais fundo dos abismos, que o homem não conheça e não domine. 

Mas se perde e se anula com os seus próprios mistérios. É capaz de teleguiar uma nave espacial, fazê-la pousar na lua ou em órbita da terra, mas não sabe conduzir os seus instintos e controlar os seus impulsos. Mergulhou nas profundezas da matéria e manipulou, a seu talante, a sua energia adormecida, sem se aperceber das suas consequências e resultados, tão prejudiciais e nocivos ao seu próprio destino. Criou máquinas portentosas mas não é capaz de controlá-las, no seu manuseio, porque elas se voltaram contra o seu próprio criador.

O mundo atual vive sob o impacto do terror, do medo, das neuroses, de toda esta parafernália que, na sua fria insensibilidade, ameaça destruir toda a humanidade. Um simples erro de um computador, o menor descuido da manipulação destes artefatos pode desencadear um cata clisma de consequências imprevisíveis. Todos nós estamos em perigo. 

O homem se deixou embriagar pelo fascínio da sua inteligência e não atendeu as inspirações do coração. O espírito humano facilmente se deixa fanatizar de narcisismo, de autossuficiência, não respeitando as suas próprias limitações. Muito facilmente nos deixamos enganar pela força do raciocínio, pelas sutilezas de uma argumentação, pela dialética de um silogismo. Nenhum erro é mais prejudicial que o da inteligência, exatamente porque falta uma faculdade que lhe seja superior e que possa controlar os seus impulsos.
Os erros do coração, da vontade, da sensibilidade facilmente são detectáveis pela reflexão ou pela clarividência da nossa mente. Mas quando esta se corrompe, nada pode salvá-la ou corrigi-la.
Padre Leonel Franca, no prefácio do seu livro "A Igreja, a Reforma e a Civilização", escreveu estas lapidares palavras:
"Manejar ideias é mais perigoso que manejar uma arma". Sim, a arma atinge o corpo e a ideia alcança o espírito. Deformando o espírito do homem, nada resta para salvá-lo. Pagamos hoje um preço muito caro a uma civilização que foi construída somente pela força e pelo poder da inteligência. 

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